ANTROPÓFAGOS
Em 1725 trouxeram-se quatro selvagens do Mississipi a Fontainebleau. Tive a honra de falar-lhes. Havia entre eles uma dama do país, a quem perguntei se havia comido gente.Respondeu-me muito singelamente que sim. Fiquei um tanto escandalizado, e ela desculpou-se dizendo ser preferível comer o inimigo, depois de morto, a deixá-lo servir de pasto às feras; que demais o vencedor merecia a preferência. Nós outros, em batalha campal ou não, por fas ou por nefas matamos nossos vizinhos e. pela mais vil recompensa pomos em função o engenho da morte. Aqui é que está o horror. Aqui é que está o crime; que importa que depois de morto se seja comido por um soldado, por um urubu ou por um cão?
Respeitamos mais os mortos que os vivos. Cumpria respeitar uns e outros. Bem fazem as nações que chamamos civilizadas em não meter no espeto os inimigos vencidos. Porque se fosse permitido comer os vizinhos, começariam a comer-se entre si os próprios compatriotas
_Voltaire-Dicionário filosófico_http://xa.yimg.com/kq/groups/19212570/538710791/name/Dicion%C3%A1rio+Filos%C3%B3fico+de+Voltaire.pdf
Ginetes na praia,1902-Gauguin,Paul.
Sempre se comeram almas no Brasil. No século XVII, o padre
Antonio Vieira raciocina por paralelismos em seu ''Sermão
para o Espírito Santo" as vesperas da partida de missionários
para a Amazônia, usando a visão de são Pedro, em oração em
Joppe, ao ouvir três vezes: ''Surge, Petre, occide e manduca"
("Eia, Pedro, matai e comei"? Pensou serem animais proibidos
pela Lei, no entanto, conclui Vieira: "Mas se aqueles animais significavam
as naçoes dos gentios, e estas naçoes queria Deus
que São Pedro as ensinasse e convertesse, como Ihe manda
que as mate e as coma? Por isso mesmo, porque o modo de
converter feras em homens é matando-as e comendo-as, e não
há coisa mais parecida ao ensinar e doutrinar, que o matar e o
comer"; Na perspectiva de Vieira, os missionários são canibais.
Buscavam resgatar os índios da "barbarie" extrema - o canibalismo
preparando-os para a empresa colonial, convertendo-os
ao cristianismo, e em troca ofereciam a eucaristia, como
consumo do corpo de Cristo transubstanciado. o processo colonial
foi uma guerra de canibalismo.
Paulo Herkenhoff
Recita:María Bethânia
"A nossa poesia é uma só
Eu não vejo razão pra separar
Todo o conhecimento que está cá
Foi trazido dentro de um só mocó
E ao chegar aqui abriram o nó
E foi como se ela saísse do ovo
A poesia recebeu sangue novo
Elementos deveras salutares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo
Os livros que vieram para cá
O Lunário e a Missão Abreviada
A donzela Teodora e a fábula
Obrigaram o sertão a estudar
De repente começaram a rimar
A criar um sistema todo novo
O diabo deixou de ser um estorvo
E o boi ocupou outros lugares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo
No contexto de uma sala de aula
Não estarem esses nomes me dá pena
A escola devia ensinar
Pro aluno não me achar um bobo
Sem saber que os nomes que eu louvo
São vates de muitas qualidades
O aluno devia bater palma
Saber de cada um o nome todo
sentir satisfeito e orgulhoso"
E falar deles para os de menor idade
Os nomes dos poetas populares
_António Vieira_
"Os portugueses têm um pequeno país para berço e o mundo todo para morrerem"
_Padre Antonio Vieira,Lisboa a 6 de Fevereiro de 1608-17 de Junho de 1697,Bahía_
http://www.brasiliana.usp.br/node/418
Em 1725 trouxeram-se quatro selvagens do Mississipi a Fontainebleau. Tive a honra de falar-lhes. Havia entre eles uma dama do país, a quem perguntei se havia comido gente.Respondeu-me muito singelamente que sim. Fiquei um tanto escandalizado, e ela desculpou-se dizendo ser preferível comer o inimigo, depois de morto, a deixá-lo servir de pasto às feras; que demais o vencedor merecia a preferência. Nós outros, em batalha campal ou não, por fas ou por nefas matamos nossos vizinhos e. pela mais vil recompensa pomos em função o engenho da morte. Aqui é que está o horror. Aqui é que está o crime; que importa que depois de morto se seja comido por um soldado, por um urubu ou por um cão?
Respeitamos mais os mortos que os vivos. Cumpria respeitar uns e outros. Bem fazem as nações que chamamos civilizadas em não meter no espeto os inimigos vencidos. Porque se fosse permitido comer os vizinhos, começariam a comer-se entre si os próprios compatriotas
_Voltaire-Dicionário filosófico_http://xa.yimg.com/kq/groups/19212570/538710791/name/Dicion%C3%A1rio+Filos%C3%B3fico+de+Voltaire.pdf
Ginetes na praia,1902-Gauguin,Paul.
Sempre se comeram almas no Brasil. No século XVII, o padre
Antonio Vieira raciocina por paralelismos em seu ''Sermão
para o Espírito Santo" as vesperas da partida de missionários
para a Amazônia, usando a visão de são Pedro, em oração em
Joppe, ao ouvir três vezes: ''Surge, Petre, occide e manduca"
("Eia, Pedro, matai e comei"? Pensou serem animais proibidos
pela Lei, no entanto, conclui Vieira: "Mas se aqueles animais significavam
as naçoes dos gentios, e estas naçoes queria Deus
que São Pedro as ensinasse e convertesse, como Ihe manda
que as mate e as coma? Por isso mesmo, porque o modo de
converter feras em homens é matando-as e comendo-as, e não
há coisa mais parecida ao ensinar e doutrinar, que o matar e o
comer"; Na perspectiva de Vieira, os missionários são canibais.
Buscavam resgatar os índios da "barbarie" extrema - o canibalismo
preparando-os para a empresa colonial, convertendo-os
ao cristianismo, e em troca ofereciam a eucaristia, como
consumo do corpo de Cristo transubstanciado. o processo colonial
foi uma guerra de canibalismo.
Paulo Herkenhoff
"A nossa poesia é uma só
Eu não vejo razão pra separar
Todo o conhecimento que está cá
Foi trazido dentro de um só mocó
E ao chegar aqui abriram o nó
E foi como se ela saísse do ovo
A poesia recebeu sangue novo
Elementos deveras salutares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo
Os livros que vieram para cá
O Lunário e a Missão Abreviada
A donzela Teodora e a fábula
Obrigaram o sertão a estudar
De repente começaram a rimar
A criar um sistema todo novo
O diabo deixou de ser um estorvo
E o boi ocupou outros lugares
Os nomes dos poetas populares
Deveriam estar na boca do povo
No contexto de uma sala de aula
Não estarem esses nomes me dá pena
A escola devia ensinar
Pro aluno não me achar um bobo
Sem saber que os nomes que eu louvo
São vates de muitas qualidades
O aluno devia bater palma
Saber de cada um o nome todo
sentir satisfeito e orgulhoso"
E falar deles para os de menor idade
Os nomes dos poetas populares
_António Vieira_
"Os portugueses têm um pequeno país para berço e o mundo todo para morrerem"
_Padre Antonio Vieira,Lisboa a 6 de Fevereiro de 1608-17 de Junho de 1697,Bahía_
http://www.brasiliana.usp.br/node/418
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